SUICÍDIO DOS QUE ME MATAM

Entristece-me
a tristeza do querer e não ter.

Envolve
o encosto da maldade à insinuação.

O disfarce opulento
do anjo que nada mais é
que um lobo esfomeado.

Entristece-me a inveja,
a arrogante maledicência
do que se julga obra,
senhor merecedor de aplausos
mortos à nascença
quando não verdadeiros.

Entristece-me
confundirem simpatia
e sinceridade com pedinchas,
é ruindade.

Desespera-me
o término audaz
de que sou detentora,
incapaz de usar para mérito próprio.

Matança dos sonhos
no crepúsculo do dia.

Corrói-me o pranto
de seres rejeitados,
das amizades falsas
entre o soro da verdade.

Desespera-me
o limiar da vida,
perco a vontade.

Mata-me o suicídio
dos que me matam.

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