FALHEI

Desisto das noites e dias
em sobressalto,
dos choros e lamentos
de tanta tanta gente
à procura do pão,
do arroz, da água potável
e de medicamentos que não chegam.

Desisto do abandono do seio familiar.

Lutar.

Pela paz,
por alimentos,
por conforto nos actos,
em palavras.

Falhei.

Relembro crianças
de olhos cheios de lágrimas,
nariz sujo,
bocas esfomeadas,
mãos fracas
agarradas às minhas pernas.

Relembro
crianças mal deitadas,
desnutridas,
cobertas de insectos
à espera de um milagre
que as devolvesse à vida,
ao seio da mãe.

Minha alma está despedaçada,
minha vontade ultrajada
por quem nada faz.

Sou anti-governos.

Destruíram o meu sonho
de proteger crianças,
animais e idosos.

Os mutilados
de uma guerra de interesses
que tem quase 38 anos.

Lamento ter que dizer.

Antigamente era à grande e à francesa.

Hoje vêm a Portugal comprar jóias,
vestidos de cem mil euros no jacto particular.

Ainda dizem que ajudam?

Isto não é ajudar,
mas sim viver à grande e à angolana.

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