ENTERREI TUDO

Tudo o que me fez
chorar e beber a maldição da vida
que naquela altura tinha para saber
que só me restava sofrer.

Mesmo assim
por teimosia,
burrice e cegueira
não quis acordar.

Fui ao fundo do poço,
aí encontrei onde me sentar,
fiquei lá à espera em cima de uma pedra
tocada pela corrente da água que se misturava
com as lágrimas que derramava.

Lágrimas
que enchiam o poço
benditas e amaldiçoadas,
meus olhos nada viam,
meus ouvidos não escutavam,
minha mente não aceitava
e eu continuava sentada no fundo do poço,
tal como o caracol eu subia,
descia até que um dia a água baixou.

As minhas
lágrimas secaram,
meus braços e pernas me ajudaram.

Ganhei força para despertar
de uma vida vazia onde o nada existia.

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