Idosos tristes,
amargurados,
exprimem no olhar
maleitas do tempo.
Rostos vincados
de uma dor muda,
mãos que outrora
abraçaram quem amavam,
hoje mal conseguem
segurar a colher
para um prato de sopa comerem.
Corpo curvado,
mal tratado
sem mínimo dos cuidados.
São eles
hoje o espelho do sofrimento
de uma vida não vivida.
Corações dilacerados
pelo abandono dos que amaram,
esquecendo-se de que um dia
serão também abandonados.
Um céu de chuva,
um mar de gelo,
uma encosta de saudade,
uma cama quente,
dois braços evolvendo
quem nada tem a não ser
a dor de solidão.
Mundo cruel
movido a ganância,
pisando aqui,
ali e acolá
não olhando a meios
para atingir os fins.